sexta-feira, 2 de julho de 2010

O Gosto Amargo da Derrota


Dia 2 de Julho de 2010. Um dia que poderia ser bonito para a nação brasileira que leva a Copa do Mundo tão à sério quanto um religioso. Hoje tivemos que reconhecer novamente, após quatro anos, que aquilo que a gente mais acredita pode não acontecer. Aquilo que ansiávamos por vezes seguidas, se transformar em cinzas a serem levadas pelo vento. Nossa incrível seleção, que mostrou garra durante todos os três anos bem trabalhados pelo técnico Dunga conheceu a derrota.

É incrível isso porque o primeiro tempo entre Brasil e Holanda nas quarta-de-final, mostrou um dos melhores desempenhos que o Brasil podia ter em um jogo de futebol. Jogadores que atacavam sem dó, e resistiam a todo e qualquer puxada ou carrinho dos adversários. Tudo com um objetivo maior. O primeiro gol por volta dos 10min. do primeiro tempo já indicavam aquele que seria um dos melhores jogos da nossa seleção. Ao contrário do que ocorreu na última copa, quando era fácil prever que a equipe de Parreira uma hora não aguentaria mais e cairia.

No entanto, o que ocorre aqui se assemelha aos quatro anos passados pelo seguinte: um time acostumado com a vitória, sendo cobrada a todo tempo vê o mundo cair aos seus pés quando a sombra da derrota lhe toma a cabeça. Foi o que aconteceu em 2006, e aconteceu novamente aqui com o primeiro gol holandês. O desequilíbrio emocional contribuiu para uma segunda bola na rede do adversário e a conseqüente derrota.

Ainda acho Dunga um grande guerreiro, mas como todo grande guerreiro, ele também têm seu calcanhar de Aquiles. Aqui se encontra na sua insistência em escalar Felipe Melo. Um jogador que estava obviamente despreparado para os jogos, como as partidas anteriores demonstraram. É realmente ruim quando, para uma nação que têm no futebol a maior de suas paixões e especialidades, ter de reconhecer que há melhores. E a Holanda foi melhor. Ela aproveitou as falhas de uma equipe aparentemente imbatível. Nessa partida, Brasil e Holanda seria algo como a rivalidade Salieri e Mozart: imagine que você tenha um hobby ao qual é extremamente apaixonado e se dedique a ele mais do que tudo. E em determinado momento tenha que reconhecer que há outro que saiba fazer melhor do que você.

Talvez tenha sido esse o gosto que o técnico Dunga, os jogadores Kaká, Luis Fabiano, Robinho e todo o resto do time teve que reconhecer, a partir que o juíz Yuishi Nishimura apitou o fim do segundo tempo. Saber que também é vulnerável e pode fracassar. Uma pena para a seleção que dessa vez jogou certo a maior parte do tempo e merecia ganhar. Mas, como todo brasileiro, é persistente e não desiste. Um novo Sol nascerá amanhã, por isso choremos esta noite para sorrirmos na manhã seguinte.